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Iconofósseis Devonianos de São Luiz do Purunã |
Um dos maiores desafios
atuais em Balsa Nova é ser um referencial para outros municípios paranaenses no
que diz respeito ao seu patrimônio histórico-cultural.
Somos no Paraná o município com
maior área dentro da APA da Escarpa Devoniana, mais de 70%. Se isso nos limita
de certo modo no setor primário e secundário, nos permite desenvolver com
criatividade e inovação o setor terciário. Não há motivos, portanto, para
lamentações, pois esses dois setores estão bem representados e com potencial
inclusive de ampliação de áreas próprias para suas atividades. O propósito de
fomentar um setor não quer dizer que não levamos em conta a importância de outros
para a economia local.
Contudo, historicamente
pouco se avançou nas discussões sobre Cultura em Balsa Nova e isso já nos
causou algumas perdas em relação ao patrimônio local que se estivessem
preservados poderiam facilitar o desenvolvimento da cidade.
Atualmente temos três bens tombados
no município. A Capela Nossa Senhora da Conceição que foi tombada
na década de 1970 pelo órgão estadual e, recentemente, pelo IPHAN. Outros dois bens:
a Ponte sobre o Rio dos Papagaios e os Iconofósseis Devonianos de São Luiz do Purunã também foram
tombados pelo órgão estadual e, em breve, entrarão também na lista do IPHAN.
Curiosamente nenhum desses bens foi ainda reconhecido pelo município de Balsa
Nova como histórico. Quero dizer com isso que o município ainda não dispõe de
lei específica que reconheça, ordene, mantenha e explore sua importância histórica
dentro de um contexto maior, ou seja, a própria história do Paraná.
Esforços não são poucos,
pois pesquisadores e acadêmicos têm constantemente realizado estudos nos campos
da sociologia, da história e da geografia e apresentado resultados importantes
que dizem respeito aos bens materiais e imateriais presentes na cidade. Se
atentarmos, por exemplo, para os aspectos econômicos do Estado do Paraná veremos
que somos uma parte importante no que diz respeito ao ciclo de desenvolvimento,
tanto em relação à questão tropeira quanto à questão ferroviária e seu antigo traçado.
Dos 399 municípios
paranaenses, obviamente, não são todos que possuem bens tombados por órgãos com
competência para tal finalidade, mas daqueles que possuem bens tombados menos
de 15 possuem mais de 03 e estamos tratando de municípios com um turismo
cultural consolidado caso, por exemplo, de Paranaguá e Curitiba. Além dos 03
bens já reconhecidos e tombados no município temos processos em andamento que
em breve reconhecerá mais 02 bens. Isso nos deixará na mesma categoria, em
termos de patrimônio tombado, que as cidades de Antonina e Morretes, as quais
já possuem uma expressiva atividade turística e cultural.
Curitiba, Paranaguá, Lapa, Ponta
Grossa, Castro e Palmeira continuarão com uma quantidade maior de bens
tombados, mas interessante que duas dessas cidades, Lapa e Palmeira, são
municípios limítrofes de Balsa Nova. Ademais, 05 cidades dessas mencionadas são
limítrofes uma das outras o que possibilitaria a criação de um roteiro
integrado de cidades históricas no Estado como, por exemplo: Lapa – Balsa Nova –
Palmeira – Ponta Grossa – Castro; experiência de semelhante sucesso já
aconteceu em Minas Gerais com as cidades de Ouro Preto – Congonhas – Mariana.
Em 2014 - enquanto
secretário municipal - apresentei uma proposta de Minuta de Lei que tratava
especificamente dos meios pelos quais o município daria o primeiro passo na
preservação de seu patrimônio histórico, posto que, embora a Lei Orgânica leve
em consideração a preservação de seu patrimônio, não especifica o meio pelo
qual se dará essa preservação. Foi a partir dessa constatação que propus a Minuta
que ainda segue em análise, mas que se sancionada será um avanço e possibilitará
políticas públicas mais coerentes para a cidade.
Eduardo Antonio
Sociólogo e membro do
Setorial de Cultura /PTPR