2 de junho de 2011

Nota do Partido dos Trabalhadores – Diretório Municipal de Balsa Nova – sobre a questão da informação e formação política

Desde que iniciamos em 2009 nosso mandato como diretoria nossa proposta foi fortalcer os canais de comunicação entre o Partido dos Trabalhadores no município e a população em geral. Fizemos um blog, o qual sempre está atualizado, um e-mail para nos correspondermos com outras lideranças políticas no município e em outras cidades e, por fim, o jornal impresso Lado Esquerdo que se consolidou como fonte trimestral de informação.

Aprendi desde cedo à importância da comunicação: o púlpito, a academia e agora os jornais são meios que usei e uso para me comunicar com as pessoas, sempre com respeito e, acima de tudo, com a sobriedade em assinar tudo o que escrevo.

Por conta dessa sobriedade me preocupa a maneira como algumas pessoas tem se comunicado politicamente no município, pois além de fazerem uso de meios questionáveis transformam os mesmos em instrumentos obscurantistas que desqualificam a comunicação em tempos de democracia política.

Como partido político questionamos em nosso jornal a “pesquisa” realizada pelo site do jornal Folha de Campo Largo, pois sabíamos de antemão que aquela pesquisa sem qualquer caráter científico poderia ser interpretada como norteadora de um processo político que ainda está no seu começo. Julgamos corretamente, visto que, no dia 28 de Maio quando eu e outros companheiros do Partido fomos realizar uma panfletagem na localidade de São Caetano, encontramos várias impressões do resultado da pesquisa do jornal Folha de Campo Largo espalhadas pelas ruas.

Esse modo de condução do jogo político, o qual é feito por pessoas diretamente interessadas, traz sérios problemas éticos, políticos e legais. Primeiro: porque emporcalha a cidade, dá um mau exemplo público de como esse interesse político está acima de qualquer princípio. Esse mau exemplo interfere diretamente no modo como as novas gerações enxergam a vida pública e os homens públicos. Ademais, os responsáveis por essa estratégia obscurantista ignoram que um dos principais motivos da regulação em torno das propagandas políticas, ou santinhos, diz respeito aos aspectos paisagísticos, ou seja, a poluição visual do local. Ora, ninguém nasce mal-educado, antes, são exemplos desse tipo que farão com que nossas crianças desenvolvam hábitos parecidos, hábitos que uma vez arraigados numa sociedade são responsáveis por tantas calamidades causadas pela chuva que não mais escoa por conta do acúmulo de lixo em bueiros. Um dia nos urbanizaremos como cidade é esse o hábito que queremos cultivar?

Segundo: a crise política atual tem raízes profundas, a política brasileira se desenvolveu em meio aos favores, aos golpes, à corrupção, ao fisiologismo político etc., não será de uma hora para outra que esse cenário mudará. Contudo, aqueles que ingressam no jogo político devem concentrar esforços em levar às novas gerações alternativas de superação do respectivo modelo, propondo aos mais jovens à participação por meio do debate, da discussão política, do pertencimento partidário etc. No entanto, quando essa nova geração compreende que os interessados no jogo político sujam a cidade, não assinam suas publicações, sequer dizem quais os reais interesses com tal material, sentem uma ojeriza por qualquer partido, por qualquer tipo de proposta, em suma sentem nojo da própria política. Consequentemente tornam-se apáticos e alheios às decisões políticas, as quais, a partir de então se desenvolvem verticalmente de cima para baixo deixando o povo sem participação, concentrando o poder nas mãos de apenas um mandante político que, acostumado ao poder, governará como se fosse dono da coisa pública.

Terceiro: vivemos num país democrático, num estado de direito, onde leis garantem a pluralidade política e a liberdade de expressão. Esses são direitos básicos assegurados em nossa Constituição Republicana, contudo, a mesma Constituição não prevê apenas direitos, mas também deveres, dos quais merece destaque a proibição do anonimato. Ora, é vedado o anonimato porque a condição sine qua non num estado de direito é, justamente, a livre manifestação, ou seja, o pressuposto fundamental para que o estado seja considerado democrático é a certeza dada constitucionalmente de que se alguém não concordar com qualquer administração política poderá manifestar-se contrariamente publicamente.

Em tempos de Império vários grupos políticos se organizaram clandestinamente, pessoas escreviam de maneira anônima etc., a ditadura instaurada no Brasil a partir de 1964 também fez com que os contrários ao governo militar se manifestassem no anonimato, pois garantias civis tinham se extinguido. Mas o atual momento é outro: temos leis, garantias, direitos e um dos principais direitos é o de resposta ao agravo sofrido, indenização moral etc., contudo, como se aplicará uma lei se o individuo que publica informações sobre outra pessoa a faz de maneira anônima?., como saberemos quem publicou se o sujeito sequer assina o que escreve? A lei nesse caso punirá quem?., a contradição não é de nossa constituição, mas sim do ato de má fé do individuo. Portanto, o Partido dos Trabalhadores vem por meio dessa nota repudiar a atitude desonesta desses indivíduos em não dar à população o direito de saber de quem recebe a informação.


Eduardo Antonio Ramos Silva
Presidente do Partido dos Trabalhadores - Dir. Municipal de Balsa Nova