3 de abril de 2015

BALSA NOVA E SEU PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL: PROPOSTAS PARA O SETOR

Iconofósseis Devonianos de São Luiz do Purunã

Um dos maiores desafios atuais em Balsa Nova é ser um referencial para outros municípios paranaenses no que diz respeito ao seu patrimônio histórico-cultural.

Somos no Paraná o município com maior área dentro da APA da Escarpa Devoniana, mais de 70%. Se isso nos limita de certo modo no setor primário e secundário, nos permite desenvolver com criatividade e inovação o setor terciário. Não há motivos, portanto, para lamentações, pois esses dois setores estão bem representados e com potencial inclusive de ampliação de áreas próprias para suas atividades. O propósito de fomentar um setor não quer dizer que não levamos em conta a importância de outros para a economia local.

Contudo, historicamente pouco se avançou nas discussões sobre Cultura em Balsa Nova e isso já nos causou algumas perdas em relação ao patrimônio local que se estivessem preservados poderiam facilitar o desenvolvimento da cidade.

Atualmente temos três bens tombados no município. A Capela Nossa Senhora da Conceição que foi tombada na década de 1970 pelo órgão estadual e, recentemente, pelo IPHAN. Outros dois bens: a Ponte sobre o Rio dos Papagaios e os Iconofósseis Devonianos de São Luiz do Purunã também foram tombados pelo órgão estadual e, em breve, entrarão também na lista do IPHAN. Curiosamente nenhum desses bens foi ainda reconhecido pelo município de Balsa Nova como histórico. Quero dizer com isso que o município ainda não dispõe de lei específica que reconheça, ordene, mantenha e explore sua importância histórica dentro de um contexto maior, ou seja, a própria história do Paraná.

Esforços não são poucos, pois pesquisadores e acadêmicos têm constantemente realizado estudos nos campos da sociologia, da história e da geografia e apresentado resultados importantes que dizem respeito aos bens materiais e imateriais presentes na cidade. Se atentarmos, por exemplo, para os aspectos econômicos do Estado do Paraná veremos que somos uma parte importante no que diz respeito ao ciclo de desenvolvimento, tanto em relação à questão tropeira quanto à questão ferroviária e seu antigo traçado.

Dos 399 municípios paranaenses, obviamente, não são todos que possuem bens tombados por órgãos com competência para tal finalidade, mas daqueles que possuem bens tombados menos de 15 possuem mais de 03 e estamos tratando de municípios com um turismo cultural consolidado caso, por exemplo, de Paranaguá e Curitiba. Além dos 03 bens já reconhecidos e tombados no município temos processos em andamento que em breve reconhecerá mais 02 bens. Isso nos deixará na mesma categoria, em termos de patrimônio tombado, que as cidades de Antonina e Morretes, as quais já possuem uma expressiva atividade turística e cultural.

Curitiba, Paranaguá, Lapa, Ponta Grossa, Castro e Palmeira continuarão com uma quantidade maior de bens tombados, mas interessante que duas dessas cidades, Lapa e Palmeira, são municípios limítrofes de Balsa Nova. Ademais, 05 cidades dessas mencionadas são limítrofes uma das outras o que possibilitaria a criação de um roteiro integrado de cidades históricas no Estado como, por exemplo: Lapa – Balsa Nova – Palmeira – Ponta Grossa – Castro; experiência de semelhante sucesso já aconteceu em Minas Gerais com as cidades de Ouro Preto – Congonhas – Mariana.

Em 2014 - enquanto secretário municipal - apresentei uma proposta de Minuta de Lei que tratava especificamente dos meios pelos quais o município daria o primeiro passo na preservação de seu patrimônio histórico, posto que, embora a Lei Orgânica leve em consideração a preservação de seu patrimônio, não especifica o meio pelo qual se dará essa preservação. Foi a partir dessa constatação que propus a Minuta que ainda segue em análise, mas que se sancionada será um avanço e possibilitará políticas públicas mais coerentes para a cidade.

Eduardo Antonio
Sociólogo e membro do Setorial de Cultura /PTPR